terça-feira, 31 de março de 2009

A Filosofia de Vida


Fui há dias questionado sobre a minha filosofia de vida. Não hesitei em responder: Viver! Afinal todos nós nascemos e vivemos para alguma coisa. Quando crianças, como é evidente, não temos a verdadeira noção da importância da Vida e muito menos porque estamos a viver. À medida que vamos amadurecendo, as coisas tendem a tornar-se mais nítidas e perceptíveis. Começamos primeiro por gostar das profissões que vemos nos outros. Se vamos ao médico e ele não nos receber com uma agulha na mão logo queremos ser médicos. Se temos por hábito acompanhar o irmão mais velho ao futebol e nos ficarmos sempre maravilhados com as habilidades do futebolista em campo já não restam dúvidas da profissão que vamos escolher. O facto de irmos todos os dias à escola no carro do pai não hesitamos em dizer que queremos ser condutor. Vemos um avião a passar todos os dias por cima da nossa casa, dizemos a mãe que gostaríamos de ser piloto um dia... Este é o mundo que construimos na nossa mente. A vida é, no entanto, cheia de surpresas e muitas vezes nem sempre agradáveis. O importante é sermos persistentes com nós próprios e nunca desistir daquilo que perseguimos. Escolher o melhor caminho a seguir deve ser uma prioridade, pois de nada vale viver sem saber distinguir o que é bom ou o que é mal. É preciso conhecer também e bem a melhor estrada que nos conduz a felicidade. E a felicidade não se alcança com um simples estalar de dedos. Há quem diga que para lá se chegar é preciso andar sob espinhos e brasas de lume encandescente. Bem, eu diria simplesmente andar sempre pela via mais correcta e socialmente aceite e fazer todavia aquilo que nos deixa feliz com nós mesmos e com aqueles que nos rodeiam.


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segunda-feira, 16 de março de 2009

Que desenvolvimento para a Ilha do Maio - I?

Numa crónica publicada no antigo jornal "Tribuna", nos anos 90, questionei naquela altura o estado em que se encontrava o desenvolvimento da ilha do Maio. Foi uma atitude que me causou alguns desabores, devido as reacções que o artigo suscitou entre a classe maiense e não só. Alguns meses mais tarde voltei a carga, desta vez no ex-jornal "Voz di Povo" - o órgão de comunicação social onde trabalhei por mais de quinze anos e que por mera conveniência política dos sucessos governos conheceu vários nomes até chegar ao jornal "Horizonte" e a sua consequente extinção em 2007. Era um artigo com vários destinatários mas desta vez não deixei de criticar também algumas instituições locais pela forma como prestavam os seus serviços aos maienses. Na edição seguinte foram publicados inúmeras cartas em jeito de resposta, vindos principalmente dos presumíveis visados no meu artigo. Evidentemente que essas pessoas tinham que defender a "honra" e o "bom nome" da instituição que representavam, embora reconheço que o faziam apenas para dar satisfação dos seus superiores hierárquicos ou talvez a algum público. Lembro-me de ter respondido a todos e de ter lançado um desafio a quem conseguisse provar de que eu estava a mentir. Houve até cartas anónimas que chegaram às minhas mãos, talvez com objectivo de me intimidar. Convém dizer que não recebi somente críticas, houve quem achou pertinente o assunto abordado, até porque eram unânimes as opiniões entre os maienses de que o Maio caminhava de mal a pior em termos de desenvolvimento. A partir daí nunca mais parei de escrever sobre o processo do desenvolvimento do Maio e os arquivos estão aí para provar.
Fico, contudo, satisfeito por ver hoje que muitos patrícios meus têm feito o mesmo em prol do progresso da nossa querida ilha, o que é bom sinal, pois quanto mais alto for o grito de revolta melhor ainda, até sermos ouvidos por quem tem nas mãos a responsabilidade pelo desenvolvimento do país.
A propósito, comentava há dias com um conterrâneo meu sobre a tão propagandeada fábrica de cimento que nunca mais sai do papel. Já se sabe que o governo tenciona, pelo menos teoricamente, instalar a fábrica de cimento em Pedra Badejo com a matéria-prima proveniente do Maio. O meu amigo tal como eu somos contra. Afinal não faz sentido ter a matéria-prima num sítio e instalar a fábrica noutro. O argumento que tem chegado aos meus ouvidos é de que uma cimenteira no Maio pode trazer consequências desastrosas para o meio ambiente local, levando em consideração que se pretende transformar a ilha num dos destinos turísticos privilegiados do país, aliás tal como se fez no Sal e agora na Boa Vista. Como é óbvio, este argumento não convence ninguém caso tal venha a ser a posição definitiva do governo.
Alguém escreveu algures por aí que se está a fazer a transferência de fábrica do Maio para Pedra Badejo o que também é errado, porque não se pode transferir o que ainda não existe. Seja como for devemos é estar atentos a todas e quaisquer movimentações nesse sentido. Nós, os maienses, não podemos consentir que nos seja subtraído uma dádiva de deus a pretexto de um grande desenvolvimento turístico que mal conhecemos os contornos.
Uma infraestrutura de cimenteira no Maio poderá abrir novas perspectivas para o desenvolvimento da ilha e também para todo Cabo Verde. Afinal estamos a falar de uma matéria-prima insubstituível no mercado de construção civil.
Fala-se muito no estudo do impacto ambiental ou a ausência deste. Desconhecemos por ora quaisquer estudos que indicam para um dos sentidos: o que admite ou rejeita a instalação de uma cimenteira na ilha. Contudo, devemos aguardar para ver o que nos reserva esse tal estudo. Cá por mim não acredito num desfecho desfavorável às aspirações dos maienses. Com tanta tecnologia que hoje se conhece há de haver uma que permita construir uma fábrica de cimento numa ilha com características semelhantes as do Maio e que não ponha em causa o seu ecossistema.

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